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APRESENTAÇÃO

 

EXISTIR, RESISTIR: REXISTIR

VI COLÓQUIO DO CENTRO DE ESTUDOS PORTUGUESES DA UFPR

            Em “Maio de 1968 ou a medida do impossível”, artigo que integra o volume Rebeldes e contestadores. 1968. Brasil, França e Alemanha, o professor Haquira Osakabe faz o seguinte balanço: “podia-se chegar a um lugar onde a linguagem não explica pois se confunde consigo mesma e com a própria coisa. É o lugar da translucidez, do verbo absoluto e inocente. Sem subterfúgio, ‘sem lenço e sem documento’, ‘a identidade pura’. Quem suportaria tal experiência e quem se atreveria a ir além? Assim, o que se vislumbrou vivenciar naquele lapso de tempo dificilmente se deixa conformar em significados muito precisos. ‘Experiência social’, ‘política’, ‘histórica’, ‘psicológica’, ‘juventude’, tudo isso está contido na ordem múltipla dos acontecimentos de 1968. Mas, na verdade, o que se viveu foi algo de particular e que tem muito a ver com a natureza do fato poético: denso, radical, transformador, porém volátil. Durante 1968, vivemos a suspensão do prosaico, a proximidade violenta do sonho e da utopia – a revolução no sentido irredutível da palavra. Mas como qualquer experiência poeticamente limítrofe, esta se orientou para dois sentidos visceralmente opostos: ou nos transportava em corpo e alma para a irreversível experiência da soltura e da liberdade, ou nos degredava para a miserabilidade histórica, em que conviveríamos com o insuportável pragmatismo destes nossos dias”.

            Neste cinquentenário do maio de 68, a reflexão-testemunho de Haquira Osakabe serve de mote a este VI Colóquio do Centro de Estudos Portugueses da UFPR, ajudando-nos a levar adiante a discussão sobre o alcance de uma “revolução no sentido irredutível da palavra”. Para tanto, serão aceitos trabalhos que, a partir da literatura portuguesa, dialoguem com este balanço sobre as ideias de revolução, transformação e permanência.

 

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